Dr. Becky é a guru dos pais na era das redes sociais. Agora ela também é um chatbot

Dolores Ballesteros, uma mãe lá do México com dois pequenos em casa, estava no limite. Seu filho de 6 anos não parava de bater no irmão de 3 e parecia estar sempre zangado com ela. Nada do que ela tentava dava certo. Nos piores momentos, ela pensava que o garoto agia como um pequeno psicopata! No Dia das Mães, ela pediu socorro ao marido: uma assinatura do app Good Inside e seu chatbot esperto.

Imagem Ilustrativa

Começando a usar o chatbot, Dolores recebeu orientações ao vivo sobre como lidar com os acessos de raiva do filho. A ferramenta a incentivou a perguntar sobre os sentimentos do garoto e a ter uma visão mais positiva das suas ações. “Isso foi realmente bom para nosso relacionamento”, diz ela. E o bot também não deixou de lembrar que ela precisa de um tempo só pra ela. Dolores lembra: “O chatbot me disse que minha paciência tem limite”. Hoje, ela se sente mais conectada ao filho e mais segura como mãe, e agradece esse companheiro no bolso pela transformação.

O Surgimento de Dr. Becky e sua Atraente Sabedoria Parental

Em agosto do ano passado, foi lançado o chatbot Good Inside, treinado sob a orientação da psicóloga clínica de Manhattan, Becky Kennedy. Conhecida por seus 3,2 milhões de seguidores no Instagram como “Dr. Becky”, ela já tinha uma carreira sólida ajudando pais em momentos difíceis com seus filhos. Em 2020, ela decidiu compartilhar seus conhecimentos na rede social, onde rapidamente conquistou um público engajado, especialmente de pais lutando para lidar com os filhos em meio às restrições da COVID-19.

Os vídeos dela são bem diretos, oferecendo conselhos sobre dilemas comuns como o drama do desmame ou como falar com adolescentes que se sentem “gordos”. Muitas vezes, ela aparece de moletom e com o cabelo bagunçado, filmando entre sessões de terapia familiar ou após uma briga com seus próprios filhos, de 13, 10 e 7 anos. Isso torna Becky mais próxima e suas dicas incrivelmente práticas. Ela quer criar “pais resistentes” – que saibam exercer sua autoridade, mas sem exageros – e sempre lembra que, no fundo, crianças são boas, mesmo quando aprontam. Ela chama isso de método Good Inside, e acredita que, utilizando esse modelo, os pais podem enfrentar quase qualquer desafio.

Um Império em Crescimento

As ideias da Dr. Becky agora sustentam um verdadeiro império em expansão. Em parceria com Erika Belsky, elas fundaram a empresa Good Inside, que já conta com 47 colaboradores e planeja aumentar o time em mais 18 pessoas até o fim do ano. Recentemente, em junho, contrataram Daniel Shlossman para presidir a empresa. Além do chatbot, Kennedy publicou alguns livros, lançou um podcast e criou uma comunidade online onde, por $23 mensais ou $279 anual, os membros podem acessar aulas ao vivo, workshops online sobre temas variados e o app Good Inside, com seu chatbot movido a inteligência artificial.

Atualmente, o aplicativo tem mais de 80.000 membros em mais de 100 países, com projeção de dobrar essa número até o final do ano. Kennedy atribui esse crescimento ao boca a boca e presença nas redes sociais, já que a empresa levantou 10,5 milhões de dólares em financiamento neste ano de 2023, e opera de forma lucrativa sem intenções de buscar mais investimentos no momento.

Chatbots na Terapia: Uma Nova Fronteira?

O aplicativo do Good Inside está se destacando em meio a um crescente interesse por terapias com chatbots. Algumas startups, como a Wysa, lançaram agentes conversacionais treinados em terapia cognitivo-comportamental. Enquanto isso, a Slingshot AI está desenvolvendo um modelo fundacional específico para terapia e arrecadou 40 milhões de dólares de investidores.

Apesar de tudo isso, críticos alertam que ainda falta pesquisa sólida para comprovar a eficácia dos chatbots em fornecer conselhos médico-psicológicos confiáveis. As sessões presenciais de terapia estão cada vez mais caras, com valores variando entre $100 e $200 por sessão nos EUA, e de difícil acesso à medida que a demanda só cresce. Portanto, a ideia de usar chatbots para reduzir custos e alcançar mais pessoas é bem atraente.

Good Inside: Um Coach, Não Um Terapeuta

Kennedy vê no chatbot de sua empresa uma forma de tornar acessíveis muitos dos ensinamentos que oferece aos clientes em seu consultório. O custo de assinatura do aplicativo é considerado razoável quando comparado ao que se gastaria em terapia tradicional. Ela adiciona: “Quando você compara o preço com qualquer outro serviço relacionado à saúde mental, o valor recebido supera o que você investe.”

Vamos dar uma olhada rápida em como o app é organizado, tá? Parece meio bagunçado, mas é intencional:

FuncionalidadeDescrição
ChatbotAconselhamento em tempo real, baseado em perguntas frequentes dos pais.
Painel de ComunidadeEspaço onde os pais podem apoiar uns aos outros, tipo um fórum.
Aulas DiáriasCartas interativas, com vídeos e dicas escritas.

Por mais que o chatbot seja persuasivo e ofereça algumas bases sólidas de orientação, ele ainda está longe de substituir uma terapia completa. A chef de produto do app, Tiffany Shi, explica que, por enquanto, a única informação armazenada dos usuários é a idade das crianças, o que mantém os conselhos do chatbot genéricos.

O Futuro dos Chatbots Terapêuticos

Kennedy imagina um futuro onde o chatbot possa prever situações antes de os pais formularem perguntas, quase como ser um passo à frente nos problemas. Isso exigiria colher mais dados de usuários, além da idade das crianças. Mike Krieger, mentor de Kennedy e cofundador do Instagram, enxerga o desenvolvimento de um componente de “memória”, criando perfis com base nas interações dos pais.

Enquanto isso, John Torous, diretor da divisão de psiquiatria digital do Beth Israel Deaconess Medical Center, lembra que uma verdadeira personalização exigiria um volume massivo de dados, algo ainda distante de ser alcançado. No entanto, a Good Inside já deixa claro em seus termos de uso que o chatbot não substitui a terapia, que é mais uma forma de apoiar e confirmar aos pais que estão fazendo um bom trabalho, e que seus filhos são bons por natureza.

Como isso tudo se aplica na prática?

Enfim, se você, assim como Dolores, anda buscando formas de melhorar seu papel de pai ou mãe, talvez seja hora de experimentar um chatbot. Não, eles não têm todas as respostas, mas podem oferecer um alivio considerável. E cá entre nós, quem nunca ficou perdido no mundo da parentalidade, não é mesmo?

Por enquanto é isso, mas não perca a oportunidade de deixar sua opinião aqui nos comentários. Ah, e compartilhe suas experiências com a gente! Estamos todos no mesmo barco, tentando construir relações mais fortes e saudáveis com nossos pequenos. Até a próxima, gente!

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